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Inocência Feliz.
Crianças brincam num lago da bela ilha de Carimã;
Litoral do município de Raposa, Maranhão, Brasil.
Foto: Brawny Meireles
PROTOCOLO DA MEGADIVERSIDADE PELA VIDA
Que a Terra, Mãe generosa de todos, mesmo ferida, nos abençoe com seus frutos. Que o ar envolva nossas almas e perpetue a vida. Que a água que limpa e purifica nosso espírito fortaleça e renove nosso sagrado. Que o grande sol ilumine nossos caminhos e mantenha aceso o direito à existência.
A terra é um presente do Criador que nos foi emprestada, para cuidando, viver dela.
Somos muitos Povos e Comunidades com diferentes culturas, com uma diversidade infinita, mas sabemos que só alegria de nossas crianças, a força dos nossos jovens e da sabedoria dos nossos velhos, salvará o planeta. Nossas línguas e nossas cores podem ser diferentes, mas a nossa dor é a mesma.
A água é fonte de toda vida, mas rios e lagos sagrados que alimentam as plantas, e matam a sede dos animais, estão sendo aterrados, desviados, inundando nossos territórios e afogando o direito a vida das futuras gerações.
Nossas florestas queimam pela ganância de homens que desconhecem que o amanhã cobrará em vidas as decisões tomadas hoje. Não se pode falar em justiça e igualdade enquanto vemos fome nos olhos das nossas crianças.
O ar tem sido escurecido pelo fogo que consome o espírito das florestas em nossas terras, adoecendo todo ser que respira. Não haverá tecnologia humana que possa substituir o frescor e o perfume das flores de bosques que já não existem. Como se pode vender a brisa do campo e comprar o ar sobre as nossas cabeças?
Nós somos parte da terra, do ar, do fogo e da água e eles são parte de nós. A terra e a natureza são sagradas e os animais, e as plantas, as flores e os rios, são nossos parentes. As arvores são conselheiras, fortalecem e ensinam os nossos pajés a curar. São elas que guardam a historia dos nossos ancestrais e nos dão o colorido de nossas pinturas.
Valorizamos igualmente o peixe que alimenta, o ritual que cura e a planta que dá cor às nossas pinturas. Como se pode despedaçar uma cultura para protegê-la?
Suas maquinas estão destruindo nosso mundo e suas tecnologias não podem criar a vida. O dinheiro não pode comprar a vida nem tem o direito de tirá-la de nos.
Portanto, é necessária a união, respeito, tolerância, solidariedade, igualdade para que possamos conservar o que ainda temos. Precisamos agir com a sabedoria que herdamos dos nossos ancestrais.
As outras sociedades que se esforçam em nos manter em silêncio, necessitam ouvir nossas vozes. Elas terão que nos reconhecer um dia, e esse exercício e respeito depende de nossa força, nossa união e do apoio de nossos aliados.
Esperamos que o mundo ouça e atenda à voz das mulheres, dos líderes espirituais, dos especialistas de Povos Indígenas e Comunidades Locais, que representam a mega diversidade biológica e cultural do Brasil e da Amazônia Internacional, reunidos no III Caucus Internacional dos Povos Indígenas e Comunidades Locais: Conhecimentos Tradicionais Inovações e Práticas Associadas aos recursos Genéticos, Acesso a Repartição de Benefícios, Plano de Gênero e Mudanças Climáticas na Convenção Sobre Diversidade Biológica.